~ Soneto 35 ~
Não chores mais o erro cometido;
Na fonte, há lodo; a rosa tem espinho;
O sol no eclipse é sol obscurecido;
Na flor também o inseto faz seu ninho;
Erram todos, eu mesmo errei já tanto,
Que te sobram razões de compensar
Com essas faltas minhas tudo quanto
Não terás tu somente a resgatar;
Os sentidos traíram-te, e meu senso
De parte adversa é mais teu defensor,
Se contra mim te excuso, e me convenço
Na batalha do ódio com o amor:
Vítima e cúmplice do criminoso,D
Dou-me ao ladrão amado e amoroso.
William Shakespeare
Não chores mais o erro cometido;
Na fonte, há lodo; a rosa tem espinho;
O sol no eclipse é sol obscurecido;
Na flor também o inseto faz seu ninho;
Erram todos, eu mesmo errei já tanto,
Que te sobram razões de compensar
Com essas faltas minhas tudo quanto
Não terás tu somente a resgatar;
Os sentidos traíram-te, e meu senso
De parte adversa é mais teu defensor,
Se contra mim te excuso, e me convenço
Na batalha do ódio com o amor:
Vítima e cúmplice do criminoso,D
Dou-me ao ladrão amado e amoroso.
William Shakespeare
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Sob o olhar de
ANA AMÉLIA CHAGAS JACINTO,
NAYARA CRISTINA RODRIGUES RAMOS,
TAMARA BELLOTI ORTIZ DE FREITAS.
NAYARA CRISTINA RODRIGUES RAMOS,
TAMARA BELLOTI ORTIZ DE FREITAS.
“Sobre os sonetos de Shakespeare, Gueiros (1991) afirma que: “Há mais lendas e teorias fantásticas em torno dos sonetos de William Shakespeare do que poderia cogitar a nossa vã literatura, diria hoje Hamlet a Polônio” (p. 13). Esta afirmação nos leva a pensar sobre a complexidade dos sonetos shakespearianos, talvez nunca revelada por completo, e até hoje estudada por vários críticos. O soneto shakespeariano tem como principal característica a sonoridade, muito marcada através de aliterações, assonâncias, jogo de palavras e de tonicidade das sílabas. Sabe-se, ainda, que é intenção do autor a combinação de sons para que haja uma harmonia entre eles, uma vez que Shakespeare os compõem com a finalidade de aproximá-los a uma canção, tornando-os agradáveis aos ouvidos, embora apresente complexidade interpretativa reconhecida pelos seus leitores. Fowler (1987), afirma que:
Os sonetos de Shakespeare são, por vezes, difíceis, porque têm a privacidade pouco familiar da literatura manuscrita, que, no Renascimento, podia ser dirigida a um único patrono ou, pelo menos, a um número muito restrito de leitores. Mas também nos conseguem surpreender, atualmente, pelo seu teor altamente tradicional, embora Shakespeare o faça com uma amplitude de pensamento sem paralelos. E a sonoridade da sua linguagem satisfaz-nos, mesmo quando o significado é obscuro [...] (p. 8).
A respeito da estrutura, o soneto de Shakespeare, é composto por catorze versos, apresentando um sistema rítmico uniforme, que tem como padrão as rimas alternadas ou cruzadas nos doze primeiros versos, finalizando com o dístico, também denominado chave-de-ouro, com rima emparelhada ou paralela, resultando na seguinte forma “ababcdcdefefgg”. Este dístico é, normalmente, destacado por dois pontos e também pela diferença na tabulação, fazendo com que ele se localize duas letras à frente dos demais.”
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